"Taí o campeão. O Sapucaia foi um verdadeiro barato".
O jornal A Notícia do dia 13 de maio de 1975 usava toda a sua página esportiva para descrever o jogo final de um dos mais concorridos, apaixonantes e brilhantes Campeonatos Fluminenses de Profissionais.
Aos 9 min Valmir fazia 1x0, escorando de cabeça um cruzamento sob medida de Albérico. Aos 25 min, uma trama de todo o ataque rubro-negro proporcionou a Betinho marcar o segundo gol, tendo o extrema apenas entrado rápido e tocado no canto direito de Bodoque, com grande categoria. E aos 34 min, o mesmo Valmir marcava um golaço verdadeiramente de placa, após fintar Zé Henrique espetacularmente.
Em suma, em pouco mais de meia hora o Sapuca já barbarizava. E o reflexo disso tudo se via com mais nitidez à luz fria do placar do Arizão, que mostrava 3x0 a seu favor.
No início do segundo tempo, no entanto, o Americano voltou decidido e aproveitando-se de duas indecisões do miolo da zaga rubro-negra marcou dois gols aos 4 e 5 min, através de Messias e Chico, respectivamente. Isso, depois de Arnaldo César Coelho ter encerrado o primeiro tempo quando ainda faltavam 7 min e de ter logo depois, ido aos vestiários correndo chamar os jogadores de volta.
Mas o Sapucaia é o Sapuca e Joaquinzinho, com uma pedrada de fora da área, aos 27 min, após trocar passes com Toninho, Alcir e Betinho, botou a criança pra dormir pela quarta vez no fundo das redes de Bodoque, liquidando de vez com o Americano".
Esse jogo foi no campo do Goytacaz, contou com a arbitragem de Arnaldo César Coelho e rendeu Cr$ 49.420,00. O Sapucaia jogou com Roque; Charuto, Admilson, Folha e Albérico; Amaritinho, Joaquinzinho e Alcir; Betinho, Valmir e Toninho Guerreiro, e o Americano com Bodoque; Guaraci, Zé Henrique, Luisinho e Capetinha; Adalberto, Ico e Paulo Roberto; Messias, Tatalo e Chico. Desse jogo também participaram Osvaldo Guariba e Joélio, pelo campeão, e Jamil Abud e João Francisco, pelo clube de Parque Tamandaré.
No mesmo dia, o Monitor Campista colocava em manchete, na página esportiva: "Sapucaia sagra-se campeão fluminense num jogo histórico contra o Americano".
Esse Esporte Clube Sapucaia, campeão fluminense no ano da fusão do Estado do Rio com o Estado da Guanabara, já existia desde 18 de dezembro de 1934 - na LCD o registro fala que é de 1938 - mas mais como um time de usina do que como um clube de verdade. Ele surgiu depois que acabaram o Progresso e o Brasil, rivais da região. O importante é que o Sapucaia começou a viver uma fase mais brilhante em 1970, quando, após vencer o certame da divisão de acesso, foi incluído entre os clubes da divisão extra de profissionais. Seus dirigentes mais antigos sempre contaram muitas histórias, uma delas bem mais recente do que muitos imaginam, e que aconteceu quando a diretoria do Sapucaia, certa da inclusão do mesmo entre os bicho-papões do lugar, procurou o industrial Francisco Jacob Gayoso e Almendra e pediu aquela ajuda que estava faltando. O "doutor Chico", como muitos o chamavam na usina, não negou a ajuda mas fez uma exigência: "Quero que as cores do Sapucaia sejam vermelha e preta, iguaizinhas às do Flamengo". E as camisas tricolores, grená, verde e branca, foram jogadas a um canto, surgindo na planície um novo clube, desde as cores da camisa até à filosofia de vida, que mudaram da água para o vinho. O Sapucaia chegou a ser o clube campista que mais gastou com o futebol, contratando alguns reforços que o transformaram no que o jornalista Péris Ribeiro chegou a chamar de "academia do futebol".
Em 1971, o jornal A Cidade publicava reportagem de página inteira do Sapucaia, ocasião em que Antônio Miguel de Andrade, aposentado mas ainda trabalhando na usina, informava que em 1920 a região possuía o Progresso e o Brasil, tradicionais rivais que nem sempre acabavam os jogos que começavam mas que se uniam toda a vez em que um grande clube da cidade ia jogar por lá. Além do jogo, que se transformava numa festa do lugar, havia almoço e, depois do jogo, o baile, fosse qual fosse o resultado da partida.
Alcides Guimarães, presidente durante muitos anos do Progresso, contava que, no seu tempo, quando seu time precisava de reforço, Cadete, do Americano, era convidado. Em relação ao Brasil, o Progresso era mais organizado, possuindo campo cercado de tábuas de barrica de cimento. O goleiro mais famoso que possuiu foi o Mílton Lucas, mas outros jogadores deixaram nome por lá: Manoel Euclides, Otávio e Lamartine, que, além de atleta, era diretor. Em 1930 desapareceu o Brasil e, durante quatro anos, a localidade sofreu os efeitos da crise financeira que abalou o mundo. Foi em 1934 que surgiu José Pedrosa, então jogador do União Ciclista e que, como chefe de obras da usina, reuniu o pessoal que gostava de futebol, promoveu treinos com o que restou do Brasil e do Progresso e até realizou amistosos com clubes da vizinhança, além de outros contra times de Outeiro, Poço Gordo, Santa Cruz e Campo Limpo.
Segundo depoimentos de várias figuras ligadas à usina, numa reunião havida a 18 de dezembro de 1934, foi fundado o Esporte Clube Sapucaia. Dessa reunião participaram John Julius Max Polley, José Pedrosa, Antônio Miguel de Andrade, Didi Pinheiro Machado, Wílson Isaltino, Leandro Barbosa, Touquinha e Adauto Pacheco, e o primeiro jogo do Sapucaia foi contra o Paraíso, com o qual empatou de 1 a 1.
Embora fundado em 1934, só em 1961 o Sapucaia começou a disputar campeonatos promovidos pela Liga Campista de Desportos. Nesse ano participou da série Antônio Pereira Amares e, a seguir, de todos os demais torneios da categoria de amadores. Em 1968, ainda tricolor, o Sapucaia venceu o campeonato da zona oeste e, em 69, o da divisão de acesso, garantindo-lhe o direito de, no ano seguinte, disputar o campeonato da divisão extra de profissionais.
Da campanha vitoriosa de 1969 participaram os seguintes jogadores: Adílson Rangel de Sousa, Adílson Rodrigues, Altair Pereira Ferreira, Carlos Galileu Martins Andrade, Enilton Mendonça Fernandes, Erenildo Rosa, Fernando Mota, Haroldo Martins de Andrade, Heli Peixoto dos Santos, Jorge Barbosa, João Roque Lima, Luís Carlos Ribeiro, Neílton Gomes de Oliveira, Valdelino Viana, Wílson Barreto, Valteviro Viana, José Amaro Mota, Nivaldo Galvão da Silva, Gilberto Barbosa e Ivanilton Alfes Gama.
Ao longo da sua história, o Sapucaia foi presidido por Antônio Miguel de Andrade, Amilar Nepomuceno da Costa, Amaro Pinto, Orias José Ferreira, José Pedrosa, Carlos Galileu Martins Andrade, José do Egito, Amaro Bernardo da Silva, Jair Gomes de Almeida, César Belo Campos, Francisco Jacob Gayoso y Almendra e Alaor Lamartine de Castro.
Campeão do antigo Estado do Rio de Janeiro, o Sapucaia também conquistou os títulos da VII Taça Cidade de Campos, da Série Industrial em 1968, do Torneio Experimental de Profissionais em 1972, possuindo, ainda, muitos troféus, entre os quais o que tem o nome do Prefeito Jorge Santiago, da cidade paulista de Cruzeiro, onde jogou e venceu, o troféu José Carlos Vieira Barbosa, disputado a 7 de setembro de 1974, além daquele que tem o nome do saudoso Carino Quitete, conquistado a 25 de maio de 1973, bem como o troféu Mário Seixas, este oferecido pela LCD e o troféu Edmundo Vaz de Araújo.
O jornal A Notícia do dia 13 de maio de 1975 usava toda a sua página esportiva para descrever o jogo final de um dos mais concorridos, apaixonantes e brilhantes Campeonatos Fluminenses de Profissionais.
Aos 9 min Valmir fazia 1x0, escorando de cabeça um cruzamento sob medida de Albérico. Aos 25 min, uma trama de todo o ataque rubro-negro proporcionou a Betinho marcar o segundo gol, tendo o extrema apenas entrado rápido e tocado no canto direito de Bodoque, com grande categoria. E aos 34 min, o mesmo Valmir marcava um golaço verdadeiramente de placa, após fintar Zé Henrique espetacularmente.
Em suma, em pouco mais de meia hora o Sapuca já barbarizava. E o reflexo disso tudo se via com mais nitidez à luz fria do placar do Arizão, que mostrava 3x0 a seu favor.
No início do segundo tempo, no entanto, o Americano voltou decidido e aproveitando-se de duas indecisões do miolo da zaga rubro-negra marcou dois gols aos 4 e 5 min, através de Messias e Chico, respectivamente. Isso, depois de Arnaldo César Coelho ter encerrado o primeiro tempo quando ainda faltavam 7 min e de ter logo depois, ido aos vestiários correndo chamar os jogadores de volta.
Mas o Sapucaia é o Sapuca e Joaquinzinho, com uma pedrada de fora da área, aos 27 min, após trocar passes com Toninho, Alcir e Betinho, botou a criança pra dormir pela quarta vez no fundo das redes de Bodoque, liquidando de vez com o Americano".
Esse jogo foi no campo do Goytacaz, contou com a arbitragem de Arnaldo César Coelho e rendeu Cr$ 49.420,00. O Sapucaia jogou com Roque; Charuto, Admilson, Folha e Albérico; Amaritinho, Joaquinzinho e Alcir; Betinho, Valmir e Toninho Guerreiro, e o Americano com Bodoque; Guaraci, Zé Henrique, Luisinho e Capetinha; Adalberto, Ico e Paulo Roberto; Messias, Tatalo e Chico. Desse jogo também participaram Osvaldo Guariba e Joélio, pelo campeão, e Jamil Abud e João Francisco, pelo clube de Parque Tamandaré.
No mesmo dia, o Monitor Campista colocava em manchete, na página esportiva: "Sapucaia sagra-se campeão fluminense num jogo histórico contra o Americano".
Esse Esporte Clube Sapucaia, campeão fluminense no ano da fusão do Estado do Rio com o Estado da Guanabara, já existia desde 18 de dezembro de 1934 - na LCD o registro fala que é de 1938 - mas mais como um time de usina do que como um clube de verdade. Ele surgiu depois que acabaram o Progresso e o Brasil, rivais da região. O importante é que o Sapucaia começou a viver uma fase mais brilhante em 1970, quando, após vencer o certame da divisão de acesso, foi incluído entre os clubes da divisão extra de profissionais. Seus dirigentes mais antigos sempre contaram muitas histórias, uma delas bem mais recente do que muitos imaginam, e que aconteceu quando a diretoria do Sapucaia, certa da inclusão do mesmo entre os bicho-papões do lugar, procurou o industrial Francisco Jacob Gayoso e Almendra e pediu aquela ajuda que estava faltando. O "doutor Chico", como muitos o chamavam na usina, não negou a ajuda mas fez uma exigência: "Quero que as cores do Sapucaia sejam vermelha e preta, iguaizinhas às do Flamengo". E as camisas tricolores, grená, verde e branca, foram jogadas a um canto, surgindo na planície um novo clube, desde as cores da camisa até à filosofia de vida, que mudaram da água para o vinho. O Sapucaia chegou a ser o clube campista que mais gastou com o futebol, contratando alguns reforços que o transformaram no que o jornalista Péris Ribeiro chegou a chamar de "academia do futebol".
Em 1971, o jornal A Cidade publicava reportagem de página inteira do Sapucaia, ocasião em que Antônio Miguel de Andrade, aposentado mas ainda trabalhando na usina, informava que em 1920 a região possuía o Progresso e o Brasil, tradicionais rivais que nem sempre acabavam os jogos que começavam mas que se uniam toda a vez em que um grande clube da cidade ia jogar por lá. Além do jogo, que se transformava numa festa do lugar, havia almoço e, depois do jogo, o baile, fosse qual fosse o resultado da partida.
Alcides Guimarães, presidente durante muitos anos do Progresso, contava que, no seu tempo, quando seu time precisava de reforço, Cadete, do Americano, era convidado. Em relação ao Brasil, o Progresso era mais organizado, possuindo campo cercado de tábuas de barrica de cimento. O goleiro mais famoso que possuiu foi o Mílton Lucas, mas outros jogadores deixaram nome por lá: Manoel Euclides, Otávio e Lamartine, que, além de atleta, era diretor. Em 1930 desapareceu o Brasil e, durante quatro anos, a localidade sofreu os efeitos da crise financeira que abalou o mundo. Foi em 1934 que surgiu José Pedrosa, então jogador do União Ciclista e que, como chefe de obras da usina, reuniu o pessoal que gostava de futebol, promoveu treinos com o que restou do Brasil e do Progresso e até realizou amistosos com clubes da vizinhança, além de outros contra times de Outeiro, Poço Gordo, Santa Cruz e Campo Limpo.
Segundo depoimentos de várias figuras ligadas à usina, numa reunião havida a 18 de dezembro de 1934, foi fundado o Esporte Clube Sapucaia. Dessa reunião participaram John Julius Max Polley, José Pedrosa, Antônio Miguel de Andrade, Didi Pinheiro Machado, Wílson Isaltino, Leandro Barbosa, Touquinha e Adauto Pacheco, e o primeiro jogo do Sapucaia foi contra o Paraíso, com o qual empatou de 1 a 1.
Embora fundado em 1934, só em 1961 o Sapucaia começou a disputar campeonatos promovidos pela Liga Campista de Desportos. Nesse ano participou da série Antônio Pereira Amares e, a seguir, de todos os demais torneios da categoria de amadores. Em 1968, ainda tricolor, o Sapucaia venceu o campeonato da zona oeste e, em 69, o da divisão de acesso, garantindo-lhe o direito de, no ano seguinte, disputar o campeonato da divisão extra de profissionais.
Da campanha vitoriosa de 1969 participaram os seguintes jogadores: Adílson Rangel de Sousa, Adílson Rodrigues, Altair Pereira Ferreira, Carlos Galileu Martins Andrade, Enilton Mendonça Fernandes, Erenildo Rosa, Fernando Mota, Haroldo Martins de Andrade, Heli Peixoto dos Santos, Jorge Barbosa, João Roque Lima, Luís Carlos Ribeiro, Neílton Gomes de Oliveira, Valdelino Viana, Wílson Barreto, Valteviro Viana, José Amaro Mota, Nivaldo Galvão da Silva, Gilberto Barbosa e Ivanilton Alfes Gama.
Ao longo da sua história, o Sapucaia foi presidido por Antônio Miguel de Andrade, Amilar Nepomuceno da Costa, Amaro Pinto, Orias José Ferreira, José Pedrosa, Carlos Galileu Martins Andrade, José do Egito, Amaro Bernardo da Silva, Jair Gomes de Almeida, César Belo Campos, Francisco Jacob Gayoso y Almendra e Alaor Lamartine de Castro.
Campeão do antigo Estado do Rio de Janeiro, o Sapucaia também conquistou os títulos da VII Taça Cidade de Campos, da Série Industrial em 1968, do Torneio Experimental de Profissionais em 1972, possuindo, ainda, muitos troféus, entre os quais o que tem o nome do Prefeito Jorge Santiago, da cidade paulista de Cruzeiro, onde jogou e venceu, o troféu José Carlos Vieira Barbosa, disputado a 7 de setembro de 1974, além daquele que tem o nome do saudoso Carino Quitete, conquistado a 25 de maio de 1973, bem como o troféu Mário Seixas, este oferecido pela LCD e o troféu Edmundo Vaz de Araújo.
11 comentários:
Fico feliz em ouvir e ler a historia do futebol Campista, visto que sou filho de Paulo Moacir Lima da Costa(Paulinho Sapucaia) e neto de Amilar Nepomuceno da Costa(Presidente do Sapucaia na Epoca)...
Parabéns e obrigado.
Muito bom, também ouvi muito essa história do meu avô Alaor Lamartine de Castro. Tá faltando o nome do técnico Hélvio Santa Fé. Abraços.
Sou filho do Osvaldo Guariba e é muito bom ver e ter esses documentarios, obrigado!!!
Meu pai osvaldo guariba mineiro de bh.fez parte desse glorioso time do sapucaia em 1975 na época seu passe pertencia ao tupi de juiz de fora,aonde encerrou a carreira
Se alguem tiver foto desse time de 75 eu agradeço se me enviar uma foto
Sidiclei,
Estou realizando uma pesquisa para um documentário sobre o Sapuca!
Você poderia deixar seu contato aqui para eu entrar em contato com você?
Aguardo retorno.
Heitor,
Gostaria de entrar em contato com você também.
Aguardo retorno.
Meu nome é jhonata hj eu faço parte do Time do Sapucaia atual
Sidiclei132@gmail com
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