segunda-feira, 15 de setembro de 2008

REGISTRO HISTÓRICO

Claro, rolada a primeira bola na planície, depois outras e tantas que ninguém tem conta, começaram a surgir os clubes, alguns existentes até hoje, outros já extintos mas com passagens marcantes na vida da cidade e uma penca interminável daqueles que, a exemplo do Athletic Campista, assim como surgiram deixaram de existir
Esta HISTÓRIA DO FUTEBOL CAMPISTA, sem pretender ser definitiva, dado o volume de informações colhidas ao longo de tantos anos de pesquisa, se calca - e nem poderia ser de outra forma - nos que aí estão, mas recorda passagens também históricas de outros clubes que, apesar de não representarem mais o que valeram para o popular esporte campista, a ele se integraram e dele, saudosamente, fazem parte.
O Internacional Futebol Clube, entre aqueles que tiveram existência prolongada, foi um dos primeiros clubes oficialmente fundados em Campos, o que teria acontecido em agosto de 1912, segundo a Folha do Comércio do dia 27, uma terça-feira, quando divulgava o seguinte:
"Futebol. Foi organizado anteontem nesta cidade, em reunião efetuada às 2h30min da tarde, no salão do prédio do Hotel Internacional, um clube destinado a manter em nossa terra um futebol.
Foram escolhidos: presidente, Samuel Jorge Waiokins; vice-presidente, Alberto Ramalho; 1º secretário, Agrícolo do Brasil; 2º secretário, Abelardo Brito; tesoureiro, Edmundo Bastos; procurador, Manoel Bastos; fiscal, Djalmo Cardoso.
Sabemos que a diretoria do novo clube vai oficiar hoje ao prefeito pedindo ceder os terrenos da praça Azevedo Cruz para execução do agradavel divertimento".
No dia 30 de agosto o mesmo jornal anunciava que o novo clube começava a despertar certo entusiasmo no seio da sociedade e que sua diretoria comunicava ao prefeito João Maria da Costa a sua organização e pedia o terreno pretendido para nele desenvolver a prática do novo esporte.
No dia 1º de setembro, ainda de 1912, um domingo, houve nova reunião no mesmo salão daquele estabelecimento hoteleiro, então com sede na Rua Dr. Lacerda Sobrinho, 5, ocasião em que, com a presença de trinta e dois associados, foi escolhido o nome do clube: Internacional Futebol Clube. Também ficou acertado que as cores seriam a vermelha e branca e que o captain da equipe, na época o treinador também, seria Urbano Suppa.
Do Internacional sabe-se que seu primeiro jogo foi contra o Goytacaz e que, por sua iniciativa e ao lado de outros clubes que foram surgindo, foi criada a entidade local.
Já o Municipal Futebol Clube surgiu numa época em que Campos possuía grandes agremiações. Sua história vem de 3 de outubro de 1931 quando, em torno de um cepo de açougue no Mercado Municipal, de propriedade de Antônio Pereira, os desportistas Valdemiro Pacheco, Pedro Gomes Rangel, Álvaro Silva e o dono do açougue, resolveram fundar uma agremiação esportiva, cujo primeiro nome seria Mercadense, o que acabou não vingando.
O almanaque de Nilo Terra Arêas, publicado por ocasião do jubileu de ouro do futebol campista, dizia, ainda que na base da força de vontade e de grande idealismo o Municipal logo passou a disputar o campeonato da Segunda Divisão, enfrentando, de cara, o Fluminense, a quem derrotou por 2 a 1. Sua primeira formação foi esta: José Cabral; João Cabecinha e Neca; Floriano, Paizinho e José; Manoel Juntinho, Rei, Cavaquinho, Cruz e Valdemiro. Nela o Municipal, segundo o saudoso José Antônio Ferreira de Araújo, da LCD, ficou até 1947, depois de conquistar o título da categoria em 1946.
Na gestão de Rodoval Bastos Tavares o Municipal conseguiu área da Prefeitura Municipal, no Parque João Maria, e nela ergueu sua praça de esportes. Também foi nessa ocasião que subiu à Primeira Divisão, na qual estreou derrotando o Americano por 1 a 0, gol de Alcidônio. Em 1966 o Municipal, depois de realizar alguns amistosos contra clubes de fora, entre os quais o Fluminense, do Rio de Janeiro, treinado por Zezé Moreira, abandonou as disputas oficiais da LCD. O time campista, nesse amistoso contra o tricolor carioca, contou com Carlinhos; Valdir e Benê; Gilberto, Renan e Robertinho; Mizinho, Gessy, Odair, Expedite e Sena.
Pelo Municipal que chegou ao vice-campeonato da Primeira Divisão em 1950, passaram grandes figuras do desporto local, entre os quais Antônio Rodrigues, Ilídio Rocha, Francisco Azevedo, Antoninho Manhães, Sílvio Salve, Diogo Escocard, Breno Campos, Édson Coelho dos Santos, Sérgio Soares Fernandes, José da Silva Santos, Amaro Belém, Chico Virgílio, Valdemiro Pacheco, Floriano Belém e João Magliano.
Por sua vez, o Esporte Clube São João, da usina do mesmo nome, foi fundado em 24 de junho de 1917, mas só entrou nas disputas entre profissionais em 1958 para, dois anos depois, conquistar o título de campeão de aspirantes.
Fundaram o São João os desportistas Cláudio de Souza, José Norival e Arnaldo Pereira dos Santos, funcionários da usina. Criado o clube, a indústria logo cedeu terreno para o estádio. Por ele, entre outros, passaram, como jogadores, José Monteiro, Evaldo Ferreira, Jurandir Carvalho, Manoel Cardoso, João Batista da Silva Caldas, José Soares de Miranda, Wilson Manhães Siqueira, Alan Vizela, Waldemar, Jorge, Chocolate, Laert, Nilton, Oliveira, Vavá, Rozelino, Juca, Aluízio, Mauri, Brexinha, Zezinho, Edvaldo, Luquinha e Niê, estes últimos por volta de 1962 quando o técnico era Dedé, antigo jogador de futebol dos tempos de Sardinha, Arturzinho e outros.
Claudionor de Souza foi o primeiro presidente e, enquanto o São João esteve em atividade, muitos outros desportistas por ele passaram, como Petrônio de Freitas Leite, que colocou o clube, em 1958, na Divisão de Profissionais, Altamir Bárbara, Nataniel Cruz Filho, Jorge Vicente de Oliveira, Edgar Alcino Azevedo, Derli Soares Nascimento, Gessê Soares Nascimento e Antônio Estevam.
O Esporte Clube São José foi fundado no dia 28 de janeiro de 1938, na localidade de Goitacazes e, após uma passagem pela Divisão de Amadores da Liga Campista de Desportos até 1944, no ano seguinte passaria para a de profissionais onde viria se tornar campeão campista em 1952, no primeiro certame dessa categoria promovido em Campos.
Moradores mais antigos do lugar até hoje recordam, com saudade, jogadores como Valtinho, Soares, Basílio, Cambaíba, Orlando, Custódio, Altivino, Eraldo, Amaro, Hugo Ilmo, Heraldo, campeões profissionais daquele ano, assim como outros jogadores saídos de suas fileiras para jogarem mais tarde em outros clubes da cidade.
Foram fundadores do São José os Srs. Álvaro Barcelos Coutinho, Adahyl Bastos Tavares, Cleveland Cardoso, Antônio Ribeiro do Rosário, José Antônio de Carvalho, Aluísio Maciel, Zurlinden Cardoso, Manoel Martins Manhães Júnior, Antônio Pereira Nunes, Sérgio Viana Barroso e Júlio e Raul Souto Mayor, que, em muito, foram ajudados pelo Sr. Gonçalo Vasconcelos, um dos sócios da Usina São José na época.
A área para o estádio, que chegou a ser chamado de Estádio da Vitória, foi cedida pela direção da usina, onde mais tarde o clube ergueu também a sua sede social. O São José chegou a desenvolver o basquete e o vôlei, mas foi mesmo o futebol que o consagrou perante a torcida campista. Tom-Mix e Bóia bem antes e mais recentemente Chico, Odílio, Aires, Aílton, Índio, Santana e César, foram alguns de seus maiores jogadores.
O primeiro presidente foi o Sr. Álvaro Barcelos Coutinho e de sua Diretoria fizeram parte os Srs. Adahyl Bastos Tavares (vice), Antônio Ribeiro do Rosário e José Antônio de Carvalho (1º e 2º secretários), Francisco Azevedo e Thieres Gomes de Azevedo (1º e 2º tesoureiros), Aluísio Maciel (diretor de esportes), Antônio Pereira Nunes (orador) e do Conselho Fiscal, Cleveland Cardoso, Capitão Aprígio Barcelos, Sebastião Neto, Manoel Manhães Martins Júnior, Clóvis Barcelos Coutinho, Raul Souto Mayor, Jovelino Nogueira, João Henrique Alves, Zurlinden Cardoso, João Batista França, Luís Nogueira, Francisco Claudino Filho, Jorge Andrade e Sérgio Viana Barroso.
Sobre o São José, ainda, vale a pena transcrever matéria publicada em março de 1970, pelo tablóide Madrigal, de Goytacazes, que obedecia a direção de Olívia Gonçalves e era secretariado por Sílvia Linhares Gomes. A tal matéria, de página inteira, dizia o seguinte:
"O Esporte Clube São José, para os que não sabem, teve uma passagem fulgurante pelo futebol campista em sua Divisão principal e é detentor de um título invejável, incapaz de ser igualado por outra agremiação em Campos: primeiro campeão de profissionais. Isto ocorreu no ano de 1952, ou seja, 40 anos após a fundação do Internacional FC (e também do Goytacaz, Campos e Rio Branco), o primeiro clube a ser criado no município, constituído em sua maioria de elementos locais, incentivados por uns ingleses que àquela época vieram para a fábrica de tecidos da Lapa. Exatamente 40 anos depois de sua implantação, o futebol campista deixava de ser amador (amadorismo marrom) para tornar-se profissional.
Foi o início de uma nova era, de um novo estado de coisas, acompanhando a evolução e o que já era fato consumado em outros centros mais adiantados, notadamente São Paulo e Rio, a adoção do profissionalismo. Esperava-se que com o novo sistema, viesse a solução para diversos problemas que afligiam a todos. O principal deles era o êxodo que se verificou da metade até o final da década de 40, quando mais de uma equipe de atletas campistas se espalhavam pelos clubes cariocas: Valdir Negrinhão, Hélvio, Pinheiro, Didi, Mílton Barreto, Moacir, Ananias, Alcino, Lamparina, Manoelzinho, Maneco, Heitor, Tite, Chico Leão, Cinco, Paulinho, Arturzinho, e outros ainda juvenis que para lá seguiram atraídos pelo fascínio do poderoso futebol carioca. E o mais lamentável, é que os melhores jogadores se transferiram e os clubes de origem não recebiam mais do que dois contos de réis.
Essas considerações se justificam, já que estamos abordando o fim do amadorismo marrom e o início do profissionalismo, quando o São José obteve a sua consagração e o seu mais expressivo título.
O Colosso ou Milionários de Goytacazes, como fora cognominado à época, preparou-se convenientemente para disputar a Divisão Principal. O trabalho teve início em 47, quando Itamar Almirante Dias substituiu Saturnino Monteiro Filho na presidência do clube. Era o saudoso tempo dos ingleses, quando Mr. Sladen, na direção da fábrica, deu todo apoio ao movimento desencadeado para formação de uma grande equipe de futebol. O Estádio da Vitória, construído no período difícil da II Grande Guerra, fora inaugurado em 8 de maio de 1945, dia do seu término, que passou a ser considerada a data de fundação do EC São José. Com a colaboração de bravos companheiros, como o saudoso Jacy Sampaio (tesoureiro), Ari Bráulio Machado (vice-presidente), Hélio Gomes Monteiro, Luís Gonzaga de Sousa e outros, Itamar conseguiu elementos de valor do futebol campista (Nélio, Cláudio, Adão, Hugo, Heraldo, Ovilson) e mais tarde Orlando e Custódio, vindos de Cambuci, que com os de casa formaram a grande equipe, igual ou superior às melhores existentes em Campos e em todo o Norte do Estado.
Algumas dificuldades foram contornadas, mas somente em 48 o São José pôde elevar-se à categoria principal da Liga Campista de Desportos, graças também a um excelente trabalho da imprensa que deu todo apoio à pretensão dos dirigentes do São José. Aloísio Bastos, da Folha do Povo, e Everaldo Lima, do Monitor Campista, foram os que apoiaram incondicionalmente o clube de Goytacazes.
Em 1949 o São José conseguiu um honroso segundo lugar, e só não foi campeão por descuido. Tinha, na fase decisiva do certame, tudo para laurear-se, mas praticamente perdeu o título numa partida lamentável contra o Rio Branco.
Em 1950-51 houve um certo desânimo em face da perda do título em 49, quando teve tudo para vencer. E o grande ano mesmo, quando o conjunto se apurou e adquiriu maturidade, foi o de 1952. A equipe estava no auge de sua forma física e técnica. Houve um trabalho sério, criterioso, de Cid Pinto de Andrade (diretor de futebol) e João Francisco Dumas (ex-craque do Americano) na época treinador, sob a presidência do saudoso Norberto Siqueira Barreto, e o Colosso levantou brilhantemente o I Campeonato Campista de Profissionais. A decisão, foi também (como em 49) contra o Rio Branco, e ainda na Avenida 7 de Setembro. Ao fim de partida memorável, teve início a longa e gloriosa viagem de volta, em passeata festiva. Houve festa em São Gonçalo, e a nossa Lyra São José, diante do portão principal do Estádio, em meio à multidão, veio homenagear os vitoriosos. O povo, em delírio, cantava e dançava nas ruas. Alegria incomum, quase indescritível, e cenas comoventes como talvez jamais Goytacazes tivesse presenciado. Os festejos perduraram até o carnaval, quando um grande préstito, com torcedores, dirigentes, atletas e até mesmo um carro de bois, foram à cidade, aplaudidos ao longo do caminho não obstante a chuva daquele domingo de carnaval, e desfilaram pelas ruas centrais. O carro de bois, sob o comando do capitão Delfino, desceu pela Avenida 7 e Bulevard, e por pouco não causou alguns estragos. Era um fato inédito no centro da cidade.
Valtinho, Custódio, Altivino, Ilmo, Hugo, Tom-Mix, Eraldo, Soares, Orlando, Amaro, Heraldo e Basílio, e ainda Evaldo, Cambaíba, Crioulo e outros, participaram da gloriosa jornada. Chico Bento e Cidoreco, formavam com Basílio o trio de Tocos, foram escoltados pelos diretores e jogadores até a sede daquele distrito, até então nosso mais terrível adversário. Ali, eram as cenas de confraternização, as lágrimas, os abraços sem fim. O grande capitão da equipe e artilheiro do campeonato foi o nosso saudoso Amaro Barbosa.
No período áureo da existência do São José, muitos trabalharam, lutaram e até se sacrificaram, na assistência e no apoio constante ao grande time. Na presidência ou em outros cargos igualmente importantes, além dos já citados, é de justiça ressaltar outros nomes como José Gonçalves da Silva, Gilberto Batista Vieira, Volgran Silvano, Antônio Pires, Wilson Campinho, Pedro Tavares, José Pinheiro Filho, o saudoso Paranhos, Carola e, no ano de ouro, a figura ímpar de desportista e de cidadão, Norberto Siqueira Barreto, o presidente da Vitória, símbolo da persistência, que encarnava o espírito altaneiro, a polidez, o entusiasmo e a bravura da gente goitacá".
No dia 25 de outubro de 1976 o Correio de Campos publicava matéria sob a responsabilidade de José de Itaoca, dando conta de que "na década de 30, havia na Usina do Queimado dois clubes de futebol: Queimadense FC e SC Nogueira. Era enorme a rivalidade, embora constituídos de funcionários e operários de uma mesma empresa, na época liderada pelos irmãos Julião Jorge Nogueira e Ignacio Nogueira, mais pelo primeiro, que comandava e dirigia pessoalmente a conceituada e simpática indústria. Mas o Sr. Ignacio Nogueira era também um desportista de escola, e incentivava a expansão do esporte. Daí haver surgido em 1932 o SC Aliança, que nasceu da fusão do Queimadense com o Nogueira, em homenagem ao fundador daquela indústria, com excelentes quadras de tênis, campo de futebol e quadra de basquetebol. Com o novo clube, que em poucos anos se tornara uma das principais forças do desporto campista, a Usina do Queimado dava um belo exemplo de pioneirismo, só muito mais tarde seguido por estabelecimentos congêneres. Ao lado dos proprietários, funcionários de categoria procuravam promover o clube, sendo justo relembrar alguns nomes, como os Srs. Aquino, Zwuel Peixoto, Amando Medrado. O SC Aliança, com meia dúzia de anos de existência, se tornava tricampeão da cidade, fato até então igualado apenas pelo Americano, já que o Rio Branco fora bi na década de 20 e o Goytacaz só seria tri e tetra na de 40. Hoje, representa a usina o União do Queimado FC, clube amadorista que deve merecer a atenção e o apoio de Victor Nogueira, José Linhares e Álvaro Aguiar, dignos sucessores de Vicente, Julião e Ignacio Nogueira, autênticos representantes da geração de empresários campistas que sempre deram apoio às iniciativas visando a recreação e o divertimento de seus operários. Quando a Liga Campista de Desportos, tão justamente promove um torneio homenageando Julião Jorge Nogueira, saudoso e dinâmico capitão-de-indústria que tanto honrou e dignificou sua classe, nada mais oportuno do que relembrar os anos gloriosos do SC Aliança, de Breno, Eiras, Tote, Salvador, Baú, Laert, Cantagalo, Carbone, Passocurto, Cláudio, Lessa, Jorginho, Irineu, Vicente, Neneco, Rebite (não se falando no grande Lelé, que mais tarde brilhou intensamente no futebol carioca) e que formaram uma das mais pujantes equipes de nossa cidade".
O primeiro presidente foi Laudelino Batista, o Vice Antônio da Silva Sá e o presidente de honra o industrial Julião Nogueira, sabendo-se, ainda, que o primeiro jogo do Aliança foi disputado no dia 24 de abril de 1932, no antigo campo do Goytacaz, na Lapa, contra o Itatiaia. Nesse jogo, entre os times principais, houve empate de 1 a 1 e na preliminar, entre reservas, o Aliança perdeu de 3 a 1 para o Goytacaz. Prisco de Almeida, jornalista, músico o maestro, secretariou a assembléia de fundação do Aliança, no Queimado.
Da história do futebol campista faz parte também o Vesúvio, fundado no dia 2 de dezembro de 1974. Dezenove dias depois o Vesúvio participou do primeiro treino, no Estádio Milton Barbosa. Naquela manhã, Ovilson Neves, ex-jogador do Americano, Goytacaz, Campos e Canto do Rio, reuniu um grupo de bons jogadores no centro do campo, formou duas equipes e distribuiu as camisas. Ali, ao contrário do time da Companhia Independente de Bombeiros, surgia o Vesúvio, clube para militares e civis como o Tiradentes do Piauí e o Tiradentes de Niterói, vinculados à Polícia Militar.
Naquele treino, Luís, um carequinha e canhoto que nem Gérson, de tantos clubes e da Seleção Brasileira, marcou o primeiro gol e, logo depois, uma cotovelada de Álvaro pegou o nariz de Cabeça, que precisou ser socorrido na Clínica Coelho dos Santos. O quadro de camisas vermelhas contou com Hildebrando; Branco; Isaac, Roberto Madeira e Ipojucan; Mundinho e Luís; Álvaro, Cláudio, Silvinho e Sousa. O de camisas brancas com Bodoque; Imbeloni, Caxico, Sebastião II e Cabeça; Juvenal e Joaldo; Sebastião, Chico Policarpo, Conrado e Paulo César.
O Vesúvio adotou as cores vermelha e branca. Seu presidente de honra, o Coronel Yedo Bittencourt da Silva, ajudou o clube, que contou também com as graças do Coronel Santos Filho. O Major Eduardo Ribeiro Filho foi o seu presidente e, uma vez transferido para o Rio de Janeiro, não encontrou quem o substituísse, o que fez com que o Vesúvio, incluído na divisão extra de profissionais a título precário, numa reunião havida a 12 de dezembro de 1974, interrompesse suas atividades esportivas menos de um ano depois.
O primeiro jogo do Vesúvio foi na noite de 24 de janeiro de 1975, em São João da Barra, quando, na abertura do Torneio de Verão, derrotou o Americano por 1x0, gol de Silvinho, no segundo tempo. O time vitorioso se apresentou com Célio; Caxico, Isaac, Baiano e Ipojucan; Mundinho e Lulinha (Luís); Bira, Claudinho (Batata), Silvinho e Sousa, e o vencido com Zé Edilson; Cachola, Guaraci, Luisinho e Capetinha; Adalberto e Ico; Ori, Tatalo, Chico e Paulo Roberto. Nesse certame o Vesúvio foi vice-campeão, perdendo a final para o Cambaíba, que ficou com o troféu Coronel Evaristo Antônio Brandão Siqueira, na época Comandante da Polícia Militar no Estado do Rio de Janeiro.
Outros clubes fizeram parte do futebol campista, como o Industrial, pelo qual jogaram Didi, Pirré, Ilmo e Sady, o Luso-Brasileiro, o Atlético, o América, o Quinze de Novembro, o Lacerda Sobrinho e até um outro chamado Fla-Flu, todos eles com passagens pelos certames promovidos pela entidade local. O Itatiaia Atlético Clube, por exemplo, foi um deles. Fundado a 29 de janeiro de 1931, depois de sério desentendimento havido no Rio Branco, ele teve a glória de contar com grandes jogadores como Bragode e Cliveraldo, este chegando a titular da ponta esquerda do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Do Rio Branco saíram para fundar o Itatiaia, Hélvio Bacelar, Valdir Nascife, Herval Bacelar, Chaquib Bichara, Ângelo Queiroz, Luís Reis Nunes e João Laurindo. De início, muitas dificuldades, mas depois a coisa melhorou, a ponto de o Itatiaia ter tido sua praça de esportes na Rua dos Goytacazes e sido o pioneiro do basquete em Campos. Do Itatiaia sabe-se, ainda, que adotou as cores vermelho, branco e azul, e foi campeão do Torneio Início da temporada de 1937, disputado no campo do Industrial. Foi chamado de "o clube da serra" por causa do nome, teve sede no prédio do antigo Doze Bilhares, na Rua Direita, hoje Bulevar Francisco de Paula Carneiro. Seu último jogo foi contra o Americano, pelo certame local, quando perdeu de 17x0, o que provocou seu desaparecimento, inclusive porque um incêndio acabou com a sua sede.

Um comentário:

Unknown disse...

Gostaria que vcs tbm comentassem sobre dois jogadores que não foram citados: Mario Jobel e Celio de Castro Cardoso, meus avô e pai respectivamente.
Eles tinham um amor imenso ao clube e fizeram parte dessa história!